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terça-feira, janeiro 20, 2009


Martin Luther King

A América está em FESTA! A posse de Barack Obama atraiu a atenção do mundo inteiro. Afinal, trata-se de um fato histórico não somente para os EUA, mas para o mundo. Hoje, o mundo inteiro volta os ouvidos com muita atenção para as palavras de Obama. Todos ouvem Barack Obama. Todos comentam sobre Obama. Eu decidi, hoje, não falar sobre Obama. Apenas ouvi o seu discurso de posse. Mas não publico aqui, hoje, o seu discurso. Decidi voltar um pouquinho mais nessa história. Publico aqui o discurso de alguém que o antecedeu na luta por uma América mais justa e por um mundo melhor! Com a palavra, um dos principais pioneiros na luta pelos direitos civis na América, Martim Luther King:

EU TENHO UM SONHO...

(I HAVE A DREAM...)


"Eu estou contente em unir-me com vocês no dia que entrará para a história como a maior demonstração pela liberdade na história de nossa nação.Cem anos atrás, um grande americano, na qual estamos sob sua simbólica sombra, assinou a Proclamação de Emancipação. Esse importante decreto veio como um grande farol de esperança para milhões de escravos negros que tinham murchados nas chamas da injustiça. Ele veio como uma alvorada para terminar a longa noite de seus cativeiros.Mas cem anos depois, o Negro ainda não é livre.Cem anos depois, a vida do Negro ainda é tristemente inválida pelas algemas da segregação e as cadeias de discriminação.Cem anos depois, o Negro vive em uma ilha só de pobreza no meio de um vasto oceano de prosperidade material. Cem anos depois, o Negro ainda adoece nos cantos da sociedade americana e se encontram exilados em sua própria terra. Assim, nós viemos aqui hoje para dramatizar sua vergonhosa condição.De certo modo, nós viemos à capital de nossa nação para trocar um cheque. Quando os arquitetos de nossa república escreveram as magníficas palavras da Constituição e a Declaração da Independência, eles estavam assinando uma nota promissória para a qual todo americano seria seu herdeiro. Esta nota era uma promessa que todos os homens, sim, os homens negros, como também os homens brancos, teriam garantidos os direitos inalienáveis de vida, liberdade e a busca da felicidade. Hoje é óbvio que aquela América não apresentou esta nota promissória. Em vez de honrar esta obrigação sagrada, a América deu para o povo negro um cheque sem fundo, um cheque que voltou marcado com "fundos insuficientes".Mas nós nos recusamos a acreditar que o banco da justiça é falível. Nós nos recusamos a acreditar que há capitais insuficientes de oportunidade nesta nação. Assim nós viemos trocar este cheque, um cheque que nos dará o direito de reclamar as riquezas de liberdade e a segurança da justiça.Nós também viemos para recordar à América dessa cruel urgência. Este não é o momento para descansar no luxo refrescante ou tomar o remédio tranqüilizante do gradualismo.Agora é o tempo para transformar em realidade as promessas de democracia.Agora é o tempo para subir do vale das trevas da segregação ao caminho iluminado pelo sol da justiça racial.Agora é o tempo para erguer nossa nação das areias movediças da injustiça racial para a pedra sólida da fraternidade. Agora é o tempo para fazer da justiça uma realidade para todos os filhos de Deus.Seria fatal para a nação negligenciar a urgência desse momento. Este verão sufocante do legítimo descontentamento dos Negros não passará até termos um renovador outono de liberdade e igualdade. Este ano de 1963 não é um fim, mas um começo. Esses que esperam que o Negro agora estará contente, terão um violento despertar se a nação votar aos negócios de sempre. Mas há algo que eu tenho que dizer ao meu povo que se dirige ao portal que conduz ao palácio da justiça. No processo de conquistar nosso legítimo direito, nós não devemos ser culpados de ações de injustiças. Não vamos satisfazer nossa sede de liberdade bebendo da xícara da amargura e do ódio. Nós sempre temos que conduzir nossa luta num alto nível de dignidade e disciplina. Nós não devemos permitir que nosso criativo protesto se degenere em violência física. Novamente e novamente nós temos que subir às majestosas alturas da reunião da força física com a força de alma. Nossa nova e maravilhosa combatividade mostrou à comunidade negra que não devemos ter uma desconfiança para com todas as pessoas brancas, para muitos de nossos irmãos brancos, como comprovamos pela presença deles aqui hoje, vieram entender que o destino deles é amarrado ao nosso destino. Eles vieram perceber que a liberdade deles é ligada indissoluvelmente a nossa liberdade. Nós não podemos caminhar só.E como nós caminhamos, nós temos que fazer a promessa que nós sempre marcharemos à frente. Nós não podemos retroceder. Há esses que estão perguntando para os devotos dos direitos civis, "Quando vocês estarão satisfeitos?"Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto o Negro for vítima dos horrores indizíveis da brutalidade policial. Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto nossos corpos, pesados com a fadiga da viagem, não poderem ter hospedagem nos motéis das estradas e os hotéis das cidades. Nós não estaremos satisfeitos enquanto um Negro não puder votar no Mississipi e um Negro em Nova Iorque acreditar que ele não tem motivo para votar. Não, não, nós não estamos satisfeitos e nós não estaremos satisfeitos até que a justiça e a retidão rolem abaixo como águas de uma poderosa correnteza.Eu não esqueci que alguns de você vieram até aqui após grandes testes e sofrimentos. Alguns de você vieram recentemente de celas estreitas das prisões. Alguns de vocês vieram de áreas onde sua busca pela liberdade lhe deixaram marcas pelas tempestades das perseguições e pelos ventos de brutalidade policial. Você são o veteranos do sofrimento. Continuem trabalhando com a fé que sofrimento imerecido é redentor. Voltem para o Mississippi, voltem para o Alabama, voltem para a Carolina do Sul, voltem para a Geórgia, voltem para Louisiana, voltem para as ruas sujas e guetos de nossas cidades do norte, sabendo que de alguma maneira esta situação pode e será mudada. Não se deixe caiar no vale de desespero.Eu digo a você hoje, meus amigos, que embora nós enfrentemos as dificuldades de hoje e amanhã. Eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano.Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais.Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos desdentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à mesa da fraternidade.Eu tenho um sonho que um dia, até mesmo no estado de Mississippi, um estado que transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor de opressão, será transformado em um oásis de liberdade e justiça.Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje!Eu tenho um sonho que um dia, no Alabama, com seus racistas malignos, com seu governador que tem os lábios gotejando palavras de intervenção e negação; nesse justo dia no Alabama meninos negros e meninas negras poderão unir as mãos com meninos brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho hoje!Eu tenho um sonho que um dia todo vale será exaltado, e todas as colinas e montanhas virão abaixo, os lugares ásperos serão aplainados e os lugares tortuosos serão endireitados e a glória do Senhor será revelada e toda a carne estará junta.Esta é nossa esperança. Esta é a fé com que regressarei para o Sul. Com esta fé nós poderemos cortar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé nós poderemos transformar as discórdias estridentes de nossa nação em uma bela sinfonia de fraternidade. Com esta fé nós poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, para ir encarcerar juntos, defender liberdade juntos, e quem sabe nós seremos um dia livre. Este será o dia, este será o dia quando todas as crianças de Deus poderão cantar com um novo significado."Meu país, doce terra de liberdade, eu te canto.Terra onde meus pais morreram, terra do orgulho dos peregrinos,De qualquer lado da montanha, ouço o sino da liberdade!"E se a América é uma grande nação, isto tem que se tornar verdadeiro.E assim ouvirei o sino da liberdade no extraordinário topo da montanha de New Hampshire.Ouvirei o sino da liberdade nas poderosas montanhas poderosas de Nova York.Ouvirei o sino da liberdade nos engrandecidos Alleghenies da Pennsylvania.Ouvirei o sino da liberdade nas montanhas cobertas de neve Rockies do Colorado.Ouvirei o sino da liberdade nas ladeiras curvas da Califórnia.Mas não é só isso. Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Pedra da Geórgia.Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Vigilância do Tennessee.Ouvirei o sino da liberdade em todas as colinas do Mississipi.Em todas as montanhas, ouviu o sino da liberdade.E quando isto acontecer, quando nós permitimos o sino da liberdade soar, quando nós deixarmos ele soar em toda moradia e todo vilarejo, em todo estado e em toda cidade, nós poderemos acelerar aquele dia quando todas as crianças de Deus, homens pretos e homens brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão unir mãos e cantar nas palavras do velho spiritual negro:"Livre afinal, livre afinal. Agradeço ao Deus todo-poderoso, nós somos livres afinal."


Discurso de Martin Luther King (28/08/1963)
Lionês Araújo dos Santos é Mestrando em Estudos de Comunicação e Cultura Contemporânea – ECCO pela UFMT e bolsista da CAPES. Blog: http://www.ciberfuturo.blogspot.com/

sábado, janeiro 17, 2009

Por qué la Comunicación es tan Difícil?


Por Flávio Gikovate


Somos extremadamente centrados en nosotros mismos. Vivimos como si los otros supiesen exactamente lo que pasa dentro de nosotros. Estamos muy poco atentos a las enormes dificultades que tenemos para comunicarnos con alguna eficiencia. En los últimos tiempos, esos obstáculos han venido llamando la atención de mucha gente. Puede incluso ser que las indiscutibles diferencias entre los sexos determinen problemas todavía mayores para la comunicación entre hombres y mujeres que los encontrados entre las personas en general. Pero la cuestión es más compleja.
A veces es bueno pararse a pensar en las ironías de nuestra condición. Nos gusta ser únicos, especiales e inconfundibles. Hacemos una evaluación positiva de las diferencias en nuestra apariencia, pero nos parece que somos esencialmente parecidos desde el punto de vista intelectual y emocional.
Ver de una forma positiva las propiedades que nos definen y nos hacen especiales, nos agrada porque esto satisface nuestra vanidad. Por otro lado, cuando se trata de nuestro mundo interior, nos gusta imaginarnos parecidos los unos a los otros. Al reconocernos como únicos, tendríamos que depararnos con el hecho de que somos una isla solitaria, aunque rodeados por millones de otras islas.
Nos encanta sentirnos especiales, pero detestamos sentirnos solos. La solución que encontramos para esa contradicción es la de definirnos como seres de la misma "masa", poseedores de unas cuantas particularidades, mediante las cuales podemos destacarnos y dar escape a nuestro orgullo. Podemos incluso decir que el comprender que existen diferencias radicales no sólo nos daría clara percepción de nuestra soledad sino que además nos impediría cualquier tipo de comparación, lo cual sería pésimo para la vanidad - pues no pueden ser comparadas dos cualidades diferentes.
Partiremos desde el punto de vista de que el otro es parecido a nosotros, siente las cosas de la misma forma y, en esencia, piensa como nosotros. Por cierto, nos irritamos frente a alguna diferencia de opinión. Ni siquiera llegamos a considerar la hipótesis de que la misma palabra pueda tener un significado diferente en el cerebro de otra persona. No damos nuestro brazo a torcer ni siquiera con los ejemplos más banales: "tradicional" puede ser una ofensa para un vanguardista y un elogio para un conservador, y "engordar" tiene significados distintos para un delgado que para un gordo.
Proyectamos en los demás nuestra manera de ser y de pensar. Después, nos comunicamos con ellos como si fuesen a entenderlo todo exactamente tal y como lo estamos diciendo. El resultado no podría dejar de ser ese amontonado de malentendidos y de agresiones involuntarias - o no - determinadas por una palabra oída de forma diferente a como se ha dicho. Si queremos empezar a comunicarnos de verdad, tendremos que partir del principio de que el otro es autónomo y no una extensión de nosotros mismos. Así, tal vez podamos encontrar una forma de construir un puente entre dos islas.





Lionês Araújo dos Santos é Mestrando em Estudos de Comunicação e Cultura Contemporânea – ECCO pela UFMT e bolsista da CAPES. Blog: http://www.ciberfuturo.blogspot.com/

segunda-feira, janeiro 12, 2009

As Novas Trocas Simbólicas

Por Luiz Carlos Cabrera*





A relação de emprego foi durante mais de um século regida por um contrato psicológico muito claro, assim enunciado pelos empregadores: “Venha trabalhar nesta empresa, seja obediente, cumpra as normas e você sairá daqui morto ou aposentado”. Na verdade era uma troca simples, de obediência e lealdade pela segurança no emprego. A primeira crise do petróleo, entre 1974 e 1978, acabou com esse contrato nos Estados Unidos e na Europa. Bastou as grandes petroleiras e as montadoras fazerem as primeiras demissões em massa que a segurança no emprego desapareceu. No Brasil, essa transição ocorreu dez anos depois, na crise de liquidez de 1988, quando as montadoras e os bancos comerciais fizeram as grandes demissões. A partir de então, começou a ser construído um novo contrato psicológico entre o capital e o trabalho. É o contrato de trocas simbólicas. Chamam-se simbólicas porque elas têm para cada empresa e para cada profissional um simbolismo e, portanto, um peso diferente. Do lado da empresa, ela se propõe a trocar visão, missão e valores por comprometimento e desafios constantes, alta performance por remuneração variável, clima organizacional aberto por fidelidade.
Defina o que você valoriza e negocie com sua empresa a contrapartidaPara você o mais importante é definir o que trocar num determinado momento de vida. Pode ser que a troca de maior simbolismo seja a do seu esforço por remuneração, pois é um momento em que o profissional está construindo sua vida e comprando ativos. O importante é saber o que quer trocar com a empresa e avaliar se a companhia pode oferecer a troca desejada. O melhor emprego é aquele que privilegia as trocas simbólicas mais importantes para cada um. Claro, as empresas procuram definir o que a maioria de seus colaboradores espera trocar e, por meio de políticas modernas, oferece espaço para a troca dos simbolismos dominantes. O meu conselho é que você defina claramente o que valoriza, defina o período e depois faça um grande esforço para descobrir se você pode negociar com sua empresa a troca ou as trocas desejadas. Isto se chama projeto de carreira.



*Luiz Carlos Cabrera é professor da Eaesp-FGV, diretor da PMC Consultores e membro da Amrop Hever Group




FONTE: Revista VOCÊ S/A - ed. 127. Jan. 2009.






Lionês Araújo dos Santos é Mestrando em Estudos de Comunicação e Cultura Contemporânea – ECCO pela UFMT e bolsista da CAPES. Blog: http://www.ciberfuturo.blogspot.com/

sábado, janeiro 03, 2009

Como fazer alguém feliz 365 dias por ano

Início de ano novo é esperança de vida nova. É época de conhecer novas pessoas, fazer novas amizades e novas conquistas. Abaixo seguem algumas dicas que podem nos ajudar a dar um ar mais empâtico aos nossos relacionamentos. FELIZ 2009!!!



De um beijo.


Um Abraço.


Um passo em sua direção!


Aproxime-se sem cerimônia.


De um pouco de calor, do seu sentimento.


Assente-se bem perto e deixe-se ficar.


Algum tempo ou muito tempo.


Não conte o tempo de se dar.


Aprenda a burlar a superficialidade.


Sonhe o sonho, sem duvidar.


Deixe o sorriso acontecer.


Liberte um imenso sorriso.


Rasgue o preconceito.


Olhe nos olhos.


Aponte um defeito, com jeito.


Respeite uma lágrima.


Ouça uma história ou muitas com atenção.


Escreva uma carta e mande.


Irradie simplicidade, simpatia, energia.


Não espere ser solicitado. Preste um favor.


Lembre-se de um caso.


Converse sério ou fiado. Conte uma piada. Ache graça.


Ajude a resolver um problema.


Pergunte: Por que? Como vai? Como tem passado? Que tem feito de bom?


Que há de novo? E preste atenção.


Sugira um passeio.


Um bom livro, uma boa música ou mesmo um programa de televisão.


Diga, de vez em quando, desculpe, muito obrigado.


Não tem importância, que se há de fazer, dá-se um jeito, tente de alguma maneira.


E não se espante se a pessoa mais feliz for...Você!



Fonte: Autor Desconhecido


Lionês Araújo dos Santos é Mestrando em Estudos de Comunicação e Cultura Contemporânea – ECCO pela UFMT e bolsista da CAPES. Blog: http://www.ciberfuturo.blogspot.com/

sexta-feira, janeiro 02, 2009

A América no Século XXI: uma liderança para a "Era da Democracia?"

Por Lionês Araújo dos Santos*


O século XXI deu início a grandes acontecimentos para a história universal. Curioso é que, a América parece ter sido palco dos principais fatos que vão marcar as páginas da História do novo século que se inicia. Pelo menos no plano político e cultural.
Depois de o historiador britânico Eric Hobsbawn situar a historiografia em blocos históricos denominando-os de: “Era das Revoluções”, “Era do Capital”, “Era dos Impérios” e “Era dos Extremos” - expressões que demarcam novos períodos no interior da Idade Contemporânea e indicam como um conjunto de novas instituições sociais foram se formando, sobretudo nos séculos XIX e XX – é chegada a hora de lançarmos mão de mais um “arquétipo” para falarmos dos acontecimentos marcantes do novo século, o século XXI.
Talvez, um dos maiores acontecimentos desse início de século foi os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. Nesse dia a América sofreu o seu maior golpe da história. Foi um atentado direto à vida e à soberania nacional. Junto com a América o mundo chorou a perda de vidas inocentes e permaneceu sob vigília para o que poderia acontecer no cenário político e econômico na maior potência mundial. Finalmente, as lágrimas secaram e 11 de setembro foi escrito nas páginas da história mundial como o dia em que o gigante foi golpeado fazendo o mundo inteiro tremer ao ouvir os seus gemidos.
O mundo não chegou ao século XXI dominado pelos dois grandes impérios dos Estados Unidos e da Rússia, como vaticinado pelo autor de “Democracia na América”, Alex Tocqueville. Somente a América resistiu como maior potência mundial. E, contrariamente ao que muitos pensam, acredito que muito dos acontecimentos mais recentes da América fortalecerá ainda mais o seu vigor interno e sua capacidade de liderança no plano internacional. A crise econômica atual, não deve ser motivo maior de preocupações. Pelo contrário, o otimismo das conquistas políticas mais recentes deverá prevalecer, o que contribuirá para superação da crise, para o fortalecimento de alianças e, consequentemente, o estabelecimento da paz entre as nações.
A vitória pacífica e esmagadora do presidente Barack Obama – um afro-americano descendente de família de parcos recursos econômicos – nos EUA, significa hoje, que a América está se consolidando cada vez mais como liderança nos ideais democráticos e humanitários. Apesar das atrocidades e derramamento de sangue vivido na “Era Bush” uma nova era parece se anunciar na América: a “Era Obama”.
O ano de 2009 se inicia com a conquista presidencial de Barack Obama, um líder negro que com garra e determinação venceu o preconceito e quebrou toda uma tradição de poder. Porém, devemos lembrar a importância de vários heróis que precederam à ousadia do homem que foi eleito neste século como a personalidade do ano pela conceituada revista norte-americana Time, e acaba de ser eleito como o mais poderoso do mundo pela revista Newsweek.
Há aproximadamente meio século o grande líder negro, Martin Luther King, empreendeu uma luta pelos direitos civis nos Estados Unidos. Em 1965 Luther King liderou uma das marchas que teve como uma das conseqüências a aprovação da Lei dos Direitos de Voto de 1965 que abolia o uso de exames que visavam impedir a população negra de votar. Luther King sonhou com um mundo mais humano, onde brancos e negros pudessem gozar dos mesmos direitos e conviver de forma pacífica. Em 04 de abril de 1968 King foi baleado e morto em Memphis, Tenessee, por um branco, mas seu sonho e ousadia sobreviveu em outras mentes inquietas às injustiças e ao preconceito. Vinte anos atrás, o pastor Jesse Jackson tentou pela segunda vez, sem sucesso, obter a indicação a candidatura presidencial pelo Partido Democrata. Finalmente, um líder negro chega ao poder daquele que é hoje considerado o maior país democrático e potência econômica do mundo.

É importante lembrar que não apenas os EUA, mas toda a América (norte a sul), nos últimos anos passou da era das tiranias e governos sangrentos autoritários para a era das democracias. E como lembrou o grande pensador político italiano Norberto Bobbio, na sua obra “O Futuro da Democracia” (1984), o avanço dos Estados democráticos representa um avanço significativo na consolidação da paz. Segundo Bobbio, Direitos do Homem, Democracia e Paz, são três momentos necessários do mesmo movimento histórico. Sem Direitos do Homem reconhecidos e protegidos não há Democracia e sem Democracia não existe as condições mínimas para a solução pacífica de conflitos.
Finalmente, presenciamos evidências de respeito e dignidade da pessoa humana, onde a cor da pele e o status econômico não são mais prerrogativas para garantia e exercício de direitos. A vitória presidencial de um afro-americano nos EUA, a eleição de um mestiço indígena na Bolívia e os dois mandatos de um torneiro mecânico aqui no Brasil, por certo, já são fatos marcantes no avanço e na consolidação democrática.
Talvez, ao modo de Hobsbawn, podemos dizer que no século XXI, já na sua primeira década, possa ser utilizada a expressão: “A Era da Democracia” para designar esses novos acontecimentos marcantes da contemporaneidade. Bem vindo o ano 2009! Bem vinda a “Era da Democracia” na América!


* Lionês Araújo dos Santos é Mestrando em Estudos de Comunicação e Cultura Contemporânea – ECCO pela UFMT e bolsista da CAPES. Blog: http://www.ciberfuturo.blogspot.com/