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segunda-feira, janeiro 12, 2009

As Novas Trocas Simbólicas

Por Luiz Carlos Cabrera*





A relação de emprego foi durante mais de um século regida por um contrato psicológico muito claro, assim enunciado pelos empregadores: “Venha trabalhar nesta empresa, seja obediente, cumpra as normas e você sairá daqui morto ou aposentado”. Na verdade era uma troca simples, de obediência e lealdade pela segurança no emprego. A primeira crise do petróleo, entre 1974 e 1978, acabou com esse contrato nos Estados Unidos e na Europa. Bastou as grandes petroleiras e as montadoras fazerem as primeiras demissões em massa que a segurança no emprego desapareceu. No Brasil, essa transição ocorreu dez anos depois, na crise de liquidez de 1988, quando as montadoras e os bancos comerciais fizeram as grandes demissões. A partir de então, começou a ser construído um novo contrato psicológico entre o capital e o trabalho. É o contrato de trocas simbólicas. Chamam-se simbólicas porque elas têm para cada empresa e para cada profissional um simbolismo e, portanto, um peso diferente. Do lado da empresa, ela se propõe a trocar visão, missão e valores por comprometimento e desafios constantes, alta performance por remuneração variável, clima organizacional aberto por fidelidade.
Defina o que você valoriza e negocie com sua empresa a contrapartidaPara você o mais importante é definir o que trocar num determinado momento de vida. Pode ser que a troca de maior simbolismo seja a do seu esforço por remuneração, pois é um momento em que o profissional está construindo sua vida e comprando ativos. O importante é saber o que quer trocar com a empresa e avaliar se a companhia pode oferecer a troca desejada. O melhor emprego é aquele que privilegia as trocas simbólicas mais importantes para cada um. Claro, as empresas procuram definir o que a maioria de seus colaboradores espera trocar e, por meio de políticas modernas, oferece espaço para a troca dos simbolismos dominantes. O meu conselho é que você defina claramente o que valoriza, defina o período e depois faça um grande esforço para descobrir se você pode negociar com sua empresa a troca ou as trocas desejadas. Isto se chama projeto de carreira.



*Luiz Carlos Cabrera é professor da Eaesp-FGV, diretor da PMC Consultores e membro da Amrop Hever Group




FONTE: Revista VOCÊ S/A - ed. 127. Jan. 2009.






Lionês Araújo dos Santos é Mestrando em Estudos de Comunicação e Cultura Contemporânea – ECCO pela UFMT e bolsista da CAPES. Blog: http://www.ciberfuturo.blogspot.com/