Total de visualizações de página

terça-feira, setembro 30, 2008

Para onde vai sua carreira?

Entrevista: Mário Sérgio Cortella

Por ROSANA TANUS



O filósofo Mario Sergio Cortella fala sobre o significado do trabalho e como você deve encarar os novos tempos
Em seu novo livro, Qual É a Tua Obra? – Inquietações Propositivas sobre Gestão, Liderança e Ética (Ed. Vozes), o filósofo e professor Mario Sergio Cortella mostra a importância de saber o valor do nosso trabalho. “A idéia de trabalho como castigo precisa ser substituída pelo conceito de realizar uma obra”, diz Cortella. Confira a entrevista abaixo.

Como as pessoas devem se preparar para o futuro?
É preciso ficar em estado de atenção em vez de render-se ao estado de tensão. O que mais garante uma presença efetiva e de melhor qualidade no futuro próximo é abrir a mente para novos ensinamentos. É claro que não é porque o mundo está mudando com velocidade que se deve mudar também o tempo todo.

Em seu livro, o senhor fala da importância da autonomia no trabalho. Como construí-la no dia-a-dia?
Autonomia é a capacidade de decidir por si mesmo, dentro de nossa liberdade individual. Não se deve confundir autonomia com soberania, pois esta implica fazer o que se quer, independentemente dos outros. A autonomia é a força que impulsiona a criação e a invenção. Para usá-la bem precisamos de iniciativa, empenho, persistência e compromisso com o novo.

É possível desenvolver novas competências com cursos de música, de artes, de filosofia?
Sem dúvida. Todas as vezes em que consigo aumentar meu repertório de conhecimentos e elaborar mais o meu estoque de sensibilidades, a capacidade de refinar minha obra se torna mais viável.

O medo contribui para impulsionar a carreira?
A natureza nos dotou de dois mecanismos básicos de defesa: medo e dor. Quando não atentamos para eles, ficamos vulneráveis ou sem consciência dos riscos. No entanto, medo (que é um sinal de alerta) é diferente de pânico (que leva à incapacidade de ação). Por isso, na carreira, o medo de ficar ultrapassado, de não conseguir responder aos desafios, de estagnar os conhecimentos é, sim, motivador de reação proativa.

Quando se fala em ética , muita gente recorre ao bom senso. A ética tornou-se algo individual? Não existe ética individual. Ela é um conjunto de valores e princípios que orientam a conduta das pessoas em meio aos outros. A ética é sempre de um grupo, de uma organização, mas o bom senso ajuda a decidir em situações em que não há clareza dos princípios estabelecidos. Mas temos o hábito de considerar de “bom senso” aquela pessoa que pensa como nós.

O que um profissional deve levar em conta na hora de decidir entre um curso mais generalista, que lhe dê prazer, e um curso específico, que terá aplicação imediata na empresa?
Nem sempre é possível fazer o que está no campo do desejo. Muitas vezes é preciso adiar o desejo em nome da necessidade premente e, com isso, conquistar condições para que o desejo seja contemplado mais tarde. Alguém que se decida sempre pelo “curso específico” até obtém mais vantagem a curto prazo, mas sufoca o desejo e pode se tornar infeliz com a trajetória feita.
O que é preciso fazer para se tornar um líder de verdade?
Afastar a arrogância, isto é, a suposição de que já sabe o que é necessário e é suficiente exercer as competências até ali conquistadas. A humildade nos leva a saber que, para inspirar pessoas, idéias ou projetos é necessário ser sensível ao aprendizado oferecido pelas pessoas e circunstâncias.
Fonte: Revista Você S. A. Disponível em: <http://vocesa.abril.com.br/edicoes/0115/fechado/evolucao/mt_265595.shtml>. Acesso em: 30 de Set. 2008.
* Lionês Araújo dos Santos é Mestrando em Estudos de Comunicação e Cultura Contemporânea – ECCO pela UFMT e bolsista da CAPES. Blog: http://www.ciberfuturo.blogspot.com/

sábado, setembro 27, 2008

100 Escovadas antes de ir para a cama

O post de hoje é sobre um dos livros mais interessantes que li em 2006. Não vou explicar detalhadamente aqui cada ponto interessante do livro e nem os motivos que me fizeram considerar um dos livros mais instigantes e objetos de reflexão das minhas leituras de 2006. Apresentarei apenas uma breve resenha da idéia geral do livro. O livro é: "100 Escovadas antes de ir para a cama, de Melissa Panarello". Acredito que uma leitura atenta desse livro é indispensável para uma certa comprensão de vários aspectos da sociedade contemporânea. Retrata bem a questão da família, do amor, do sexo, da educação, dos laços afetivos, dos tabus e preconceitos, da mulher, da adolescência, do imaginário feminino e masculino. 100 escovadas antes de ir para a cama é um livro escrito na forma de diário pela adolescente siciliana Melissa Panarello. O livro tem como personagem uma adolescente colegial que entre os 15 e 16 anos experimenta as mais variadas práticas sexuais. A curiosidade, a busca por uma identidade, por afetos e pelo verdadeiro amor leva Melissa às mais grotescas aventuras. Orgias, sexo grupal com estranhos, drogas, bebidas, invadem o cotidiano de uma garota que ao sair de casa todos os dias como uma princesa, volta toda de maquiagem borrada, despenteada e com um profundo vazio existencial. Mas, o ritual de escovar os cabelos 100 vezes antes de dormir revela a inocência da criança que ainda existe dentro de si. Os pais de Melissa são indiferentes as suas aventuras. Vivem distante da realidade da filha, poucos dispostos ao diálogo. Melissa conhece várias pessoas. Transa com vários homens. Mas percebe em cada um a frieza de afetos e carinhos. Não encontra em nenhuma cama e em nenhum corpo aquilo que procura: o verdadeiro amor. O livro inicia com uma história trágica, que o permeia durante toda sua narrativa, mas, termina com um final feliz. Finalmente, Melissa encontra seu príncipe encantado. O príncipe árabe lhe esperava em poltronas aveludadas. Ele diz que a ama. A princípio, ela acha estranho. Seus gestos e suas atitudes são muito diferentes de tudo aquilo que ela encontrou antes. Ele não está preocupado somente com sexo. Não quer somente usá-la, mas amá-la. Lhe fez despir as vestes gastas e lhe deu roupas de princesa. Chamou as criadas para penteá-la. Beijou-a e ficou a olhar enquanto ela dormia. Quando fizeram amor, ela não chegou em casa com a maquiagem borrada e triste. Viu a maquiagem intacta e os cabelos brilhantes. Estava realmente linda e feliz: " uma princesa " como sua mãe dizia. "Tão linda que até os sonhos querem roubá-la"!
* Lionês Araújo dos Santos é Mestrando em Estudos de Comunicação e Cultura Contemporânea – ECCO pela UFMT e bolsista da CAPES. Blog: http://www.ciberfuturo.blogspot.com/

sexta-feira, setembro 26, 2008

A luta pelo Direito

Hoje, resolvi postar um artigo comentado uma obra do campo jurídico a qual admiro muito. A obra, intitula-se: A luta pelo Direito. Esta obra é um dos clássicos do direito, teve origem em uma palestra ministrada em Viena por Rudolf von Ihering, jurista alemão cujas idéias influenciaram vários pensadores do mundo ocidental. Foi publicado pela primeira vez no ano de 1872. Ihering inicia sua obra defendendo que o direito é uma idéia prática essencialmente dupla, pois encerra em si uma antítese: a luta e a paz. A paz é necessariamente o fim que o direito se propõe a alcançar e a luta o meio do qual o mesmo se vale para atingir este fim. O que Ihering pretende defender é a luta pelo direito. Esta luta se fará necessária enquanto o direito estiver sujeito às ameaças da injustiça. Trata-se, de uma luta inesgotável, que perdurará tanto quanto o mundo, porque o direito terá sempre de precaver-se contra os ataques da injustiça. “A vida do direito é a luta”. A luta não é, portanto, um elemento estranho ao direito, mas sim uma condição de sua idéia. Basta que nos atentemos para os exemplos que a história nos traz. Esta sempre nos tem apresentado o espetáculo de nações inteiras defendendo seus direitos a custa de penosos esforços. Todas as grandes conquistas que se registraram ao longo da história do direito (a abolição da escravidão, a liberdade de consciência, o voto universal, para citar alguns exemplos) não teriam sido adquiridas sem uma luta constante e muitas vezes banhada com sangue. O direito não é uma idéia lógica e sim uma idéia de força. Para Ihering, foi baseando-se nisso que se idealizou a representação da justiça na figura da Deusa Têmis, que, com uma venda nos olhos, sustenta em uma das mãos a balança em que pesa o direito e em outra a espada, a qual serve para fazê-lo valer. O autor esclarece que a espada sem a balança é a força bruta (instauração de um regime arbitrário cuja palavra da autoridade seja a própria norma jurídica) e a balança sem a espada é o direito impotente (a falência das instituições jurídicas, já que a norma que não tem apoio no aparelhamento coercitivo do Estado não pode ser aplicada). Para o autor, o direito só vigora realmente quando a energia empregada pela justiça para empunhar a espada é correspondente à habilidade que a mesma emprega em manejar a balança. Para Ihering, não basta cruzar os braços e esperar, pois as coisas não caminham por si mesmas. A realidade nos mostra que os povos não estabeleceram seus direitos a não ser através de intensos combates. E isto é o suficiente para se afirmar que o nascimento do direito é como o do homem: um parto doloroso e difícil. Ihering destaca ainda que nos pleitos judiciais em que existe uma grande desproporção entre os sacrifícios empregados pelo demandante e o valor do objeto demandado, o que impulsiona o indivíduo que sofreu uma lesão a exigir a reparação não é necessariamente o interesse material vulnerado, mas sim a dor moral provocada pela injustiça da qual é vítima. Assim, o que mais ele deseja é o reconhecimento do seu direito. O que de fato ele pretende defender é a sua existência e a sua honra. O direito, portanto, eleva o homem a uma altura ideal, que o faz sacrificar-se simplesmente por uma idéia. Segundo Ihering, a dor que o homem experimenta quando é lesado é a declaração instintiva do que o direito é para ele. Enquanto o individuo não provar desta dor, não saberá o que é o direito, ainda que tenha conhecimento de todas as leis que compõem o ordenamento jurídico. É como se o sentimento da injustiça obrigasse o indivíduo a se manifestar. Para o autor, é difícil aceitar que o indivíduo opte pela covardia ao se deparar com uma ofensa a seu direito. Isso porque o que está em jogo é a afirmação ou a renúncia de sua própria personalidade. Experimentar a dor de ter um direito lesado e permanecer indiferente, sem defender-se, constitui uma negação do sentimento do direito. Ihering reconhece ainda que existem milhares de homens que vivem felizes se mantendo afastados das batalhas e se lhes falássemos da luta pelo direito não nos compreenderiam. Estes, segundo o autor, vivem em profunda ilusão, pois negam a luta sem levar em consideração que, se desfrutam da paz mesmo permanecendo alheios aos combates, certamente é porque outros têm lutado e trabalhado por eles. A realização da idéia do direito dependerá, da contribuição de todos. Não podemos apenas usufruir os benefícios do direito; somos também convocados a contribuir para sustentar o poder e a autoridade da lei. Em síntese, cada ser humano é um lutador nato pelo direito, no interesse da sociedade. Quem defende seu direito, defende também todo o Direito, porque os frutos de seus atos serão colhidos por todos. O autor ainda afirma que não devemos admitir, certamente, uma luta sem motivos. O que somos chamados a promover é este nobre combate no qual o indivíduo se sacrifica inteiramente pela defesa do seu direito ou da sua Nação. Ihering finaliza com uma frase de grande eloqüência, que sintetiza bem sua teoria: “Só merece a liberdade e a vida aquele que a cada dia sabe ganhá-las”.
Lionês Araújo dos Santos é Mestrando em Estudos de Comunicação e Cultura Contemporânea – ECCO pela UFMT e bolsista da CAPES. Blog: http://www.ciberfuturo.blogspot.com/

terça-feira, setembro 23, 2008

As abordagens de Foucault sobre o poder

As abordagens de Foucault sobre as relações de poder foram inéditas no que diz respeito aos seus antecessores. Pois, como ele mesmo diz, aínda ignoramos o que é poder. "Afinal de contas, foi preciso esperar o século XIX para saber o que era exploração; mas talvez aínda não se saiba o que é poder. E Marx e Freud talvez não sejam suficientes para nos ajudar a conhecer esta coisa tão enigmática, ao mesmo tempo visível e invisível, presente e oculta, investida em toda parte que se chama poder.” Quando se refere a conceituar como inéditas as abordagens que Foucault faz sobre o poder, os pontos relevantes destas abordagens foram os de: analisar o poder fora do Estado, de forma ascendente, de baixo para cima analisando suas estratégias de forma geral. Analisar o poder como algo que se exerce em rede, onde se produz efeitos reais, nas extremidades não jurídicas e estatais, desprovido de uma construção ideológica ou do ponto de vista jurídico. Fica claro que em seu pensamento, Foucault busca evidenciar aspectos que permitam uma reflexão sobre a constituição do homem moderno que tem como característica principal a "renúncia ao pensar". Por meio de uma espécie de manipulação dos corpos, e por assim dizer, do ser humano, que; é tratado como uma máquina, “coisificado.” Tal se pode dizer da definição do “homem do humanismo moderno,” assim, “construído” nos moldes disciplinares da renúncia ao pensamento e aos instintos. A contribuição dos estudos de Foucault está também em nos ajudar a comprender o papel disciplinar que a escola moderna desempenhou na constituição do sujeito, da sociedade, do Estado moderno (organizado/disciplinado), o liberalismo e a lógica capitalista. Foucault nos dá ferramentas para compreendermos o nosso presente, aquilo que somos ou aquilo que estamos nos tornando. Esse grande pensador, nos ajuda a compreender a constituição do sujeito como um sujeito da ética, cujas identidades são cada vez mais descentradas e mutantes. A partir daquilo que Foucault pensou, podemos pensar sobre nós mesmos, sobre a nossa própria condição no decorrer da história.
Lionês Araújo dos Santos é Mestrando em Estudos de Comunicação e Cultura Contemporânea – ECCO pela UFMT e bolsista da CAPES. Blog: www.ciberfuturo.blogspot.com

segunda-feira, setembro 22, 2008

Diálogo

- Pai, Deus existe?
O homem deixou de lado o livro que estava lendo e ficou olhando para o garoto sem dizer nada.
- Pai, eu perguntei se Deus existe.
- Eu ouvi. Estou pensando.
- Precisa pensar? Eu só quero saber se Deus existe ou não - disse o garoto irritado.
- Bom - o homem, cauteloso - para algumas pessoas existe, para outras não.
- Para mim não existe - disse o menino.
- Não existe?
- Não, quer ver? - Olhou para cima: - Deus, eu quero uma bicicleta nova. Agora.
Esperou um pouco - muito pouco - e disse, triunfante mas amargo:
- Viu? Viu como Deus não existe?
- Bem - disse o pai, sentindo o terreno movediço - isto não chega a ser urna prova. As pessoas não conseguem logo o que querem.
- Ah, mas se Deus existe, ele tinha de me dar uma bicicleta. Deus não existe.
O homem não disse nada.
- Deus não existe - insistiu o garoto.
- Ouviu? Não existe. Ou então está morto. Deus morreu, pai.
Meu Deus, pensou o pai, o garoto está dizendo aquilo que Nietzsche levou anos para descobrir. O seu bom humor, porém, logo desapareceu: o menino estava chorando. Está cansado, pensou o homem. Tomou-o nos braços, sentou com ele na cadeira de balanço, embalou-o, até que o menino adormeceu. Então colocou-o na cama; mas aí já não tinha vontade de ler; de modo que pôs o pijama e foi dormir também.
Acordou de manhã cedo. O menino estava ao lado da cama do casal, uma expressão de triunfo no rosto:
- Sabe o que sonhei, pai? Sonhei que estava cercado de inimigos que queriam me matar. Aí caiu do céu uma metralhadora, e eu matei todos os inimigos. Todos, pai! Com a metralhadora! Foi Deus quem mandou aquela metralhadora!
O pai suspirou, aliviado. Finalmente, Deus estava dizendo a que vinha.

SCLIAR, Moacyr. Diálogo. In: Para gostar de ler - vol. 18 - crônicas - Ática, 1998.

sábado, setembro 20, 2008

Os 10 mandamantos em versão moderna

Ciência e religião possuem campos de atuação distintos e incompatíveis. Algumas das concepções religiosas são, atualmente, questionadas devido sua estrutura não ser mais condizente com os novos valores e a nova visão que se tem do mundo atual e da vida. Embora, esse embate não é recente. Ao longo da história muitos "homens de ciência" foram levados à fogueira por refutar as supostas "verdades" da religião. Mas a ciência não se deu por vencida. É o caso das teorias de alguns cientistas como Richard Dawkins, que insiste em apresentar em seus estudos lacunas dos ensinamentos da religião. Os 10 mandamentos em versão moderna segundo Richard Dawkins deveriam ser os seguintes: 1.Não faça aos outros o que não quer que façam com você; 2.Em todas as coisas, faça de tudo para não provocar o mal; 3.Trate os outros seres humanos, as outras criaturas e o mundo em geral com amor, honestidade, fidelidade e respeito; 4.Não ignore o mal nem evite administrar a justiça, mas sempre esteja disposto a perdoar erros que tenham sido reconhecidos por livre e espontânea vontade e lamentados com honestidade; 5.Viva a vida com um sentimento de alegria e deslumbramento; 6.Sempre tente aprender algo de novo; 7.Ponha todas as coisas à prova; sempre compare suas idéias com os fatos, e esteja disposto a descartar mesmo a crença mais cara se ela não se adequar a eles; 8.Jamais se autocensure ou fuja da dissidência; sempre respeite o direito dos outros discordar de você; 9. Crie opiniões independentes com base em seu próprio raciocínio e em sua experiência; não se permita ser dirigido pelos outros; 10. Questione tudo.
DAWKINS, Richard. Deus, um delírio. São Paulo, SP: Companhia das Letras, 2007.
*Lionês Araújo dos Santos é Mestrando em Estudos de Comunicação e Cultura Contemporânea – ECCO pela UFMT e bolsista da CAPES. Blog: http://www.ciberfuturo.blogspot.com/

quinta-feira, setembro 18, 2008

Reflexões sobre alguns slogans publicitários

A publicidade e o marketing das corporações, através de imagens, símbolos e frases de efeito buscam captar os sentimentos do consumidor para que este desenvolva o gosto por determinada marca. Cada Marca cria a sua própria “mitologia”, com seu próprio repertório de imagens a projetar valores, provocar sensações, estimular emoções e associações com a sua marca.
Vejamos alguns slogans do discurso publicitário:
1. REDE GLOBO:
“Globo... a gente se vê por aqui".
Pressupomos que, ao proferir esse tipo de enunciado, a emissora consegue infiltrar em todos os aspectos e esferas da vida dos indivíduos. Sejam eles declasse social, de estilo de vida ou de cultura. Afinal, “Globo...a gente se vê por aqui”...seja na periferia, num bairro nobre ou onde quer que esteja.
2. SKY:
“Vai dizer que TODO MUNDO tem SKY menos você?”
Este tipo de discurso possui um forte apelo de nível interpessoal nos indivíduos, ao considerar grupos de referência, personalidades e líderes de opinião na possibilidade de influenciar a consumir serviços com a marca SKY. Afinal, se “todos tem SKY”, por que você também não tem?
3. CARRO DA FIAT “STILO”:
“STILO...ou você tem ou não tem...”
Eis um exemplo de slogans de um marketing bastante “agressivo”. Um tipo de discurso que opera a nível individual “jogando” com necessidades, percepções e atitudes dos indivíduos. Dessa forma, ao consumir a marca STILO o indivíduo estaria agora, supostamente, em posse de um estilo próprio de ser e de viver. Caso contrário, estaria excluído de um estilo oferecido pela marca.
4. CAMPANHA DA VISA:
"Visa...Porque a vida é agora“.
O slogan faz um convite, o que pode se entender como uma espécie de apelo aos indivíduos para viver o momento presente. Aqui, nem o passado e nem o futuro não interessam. O que conta é o presente. Afinal, se o indivíduo dispõe de um cartão Visa ele deve, portanto, aproveitar as possibilidades de consumo de momento. O trabalho árduo do passado para conseguir o crédito de que se dispõe deve ser esquecido e, tão pouco deve-se preocupar com endividamentos futuros. A vida é agora!
5. NIKE:
“Just do it!” que significa: “Apenas faça-o!”
Este pode ser considerado um dos sistemas de marketing mais persuasivos. O discurso Nike possui um tom “doutrinador” uma vez que “ordena” o indivíduo a “apenas fazer” o que lhe é solicitado. Procura, dessa forma, “anular” o pensamento e o senso crítico. Ordena que “apenas faça-o!”. Ou seja, “consuma” Nike.
6. McDonald’s:
“Amo muito tudo isto!”
O McDonald’s é um dos melhores exemplos de fortalecimento de marca por uma persuasão “encoberta” ou subliminar. Com esse tipo de slogan as pessoas são “induzidas” a dizer que “ama muito tudo isso”. Independentemente de se preocuparem com a qualidade nutricional ou nível de colesterol do produto, o que importa é que a cada dia mais e mais pessoas sejam “marcadas” pela força do slogan tais como se a marca McDonalds fosse parte indispensável de suas vidas. De crianças a garotas que tem medo de engordarem são conquistadas pela sedução da marca e estimuladas a pronunciarem em alto e bom tom: “amo muito tudo isso!”.
7. COCA-COLA LIGHT:
“Viva o novo!”
A emergência de uma nova exigência de padrões de consumo, como por exemplo; alimentação diets e bebidas lights, não passou despercebido sem que formas criativas e estratégias de marketing fossem pensadas. Isso é o que podemos perceber nesse slogan da coca-cola light.
Uma vez que alguns clientes poderiam não consumirem produtos tradicionais com teores de fabricação normais de gordura e açúcar, imediatamente foram pensados e divulgados novos produtos para atender essa nova categoria de potenciais consumidores. Em vez de ignorá-lo o discurso publicitário optou por proclamar as diferenças ao anunciar: “viva o novo”!
8. SCHIN:
"Sabe aquele sonho que você deseja, ou seja, cerveja"
Para finalizar, temos nessa campanha da cervejaria Schin, um exemplo claro do que poderíamos considerar como uma oferta de sonhos, sensações, ilusões e emoções. A campanha apresenta uma proposta de sonho como sendo desejado pelo consumidor expresso no produto cerveja. Esse é, sem dúvida, um claro exemplo do que poderíamos chamar do “espetáculo”. Pois, no momento do comercial é apresentado um grupo de pessoas aparentemente muito felizes ao tomarem a cerveja e “esbanjarem” como se a vida toda pudesse ser levada como tal, ou seja, no esbanjamento e na diversão.
*Lionês Araújo dos Santos é Mestrando em Estudos de Comunicação e Cultura Contemporânea – ECCO pela UFMT e bolsista da CAPES. Blog: http://www.ciberfuturo.blogspot.com/

Professores brilhantes, educação fascinante

A questão das competências e o papel do professor é uma das discussões centrais quando se fala em qualidade da educação. Os teóricos da educação são unânimes em considerar que o professor deve ter a competência técnica/conhecimento de sua área e disciplina neste processo para poder dar suporte como especialista/articulador nas discussões das questões levantadas pelos alunos, para apurar mais claramente o nível de conceituação acerca do conteúdo em estudo, a linha de raciocínio e/ou compreensão do educando. Num belíssimo livro o psiquiatra e educador Augusto Cury teoriza de maneira brilhamente sobre a educação. O livro intitula-se: Pais brilhantes e Professores fascinantes. Neste livro Agusto Cury lança algumas ideias do que ele entende por um professor brilhante. Segundo Augusto Cury, ninguém se diploma na tarefa de educar, aprende educando. A vida é uma grande escola que pouco ensina aos que não sabem ler a realidade que os cerca. O professor fascinante, segundo Cury, é um artesão da personalidade, um poeta da inteligência, um semeador de idéias. Para ele, professores fascinantes devem formar pensadores que são autores da sua história. Devem multiplicar homens que pensam em nossa realidade. Pessoas que transformam a informação em conhecimento e o conhecimento em experiências. Segundo Augusto Cury, professores fascinantes usam a memória como suporte da arte de pensar, o que contribui para desenvolver nos alunos: o pensar antes de agir, expor e não impor idéias, consciência crítica, a capacidade de debater, de questionar, de trabalhar em equipe. Segundo Cury, a memória humana é um canteiro de informações e experiências para que cada um de nós produza um fantástico mundo das idéias. Os professores fascinantes resolvem os conflitos em sala de aula. Este hábito contribui para desenvolver nos alunos: a capacidade de resolver e superar a ansiedade, resolução de crises inter-pessoais, socialização, resgate de liderança do EU nos focos de tensão. Professores fascinantes, educam para a vida, promovendo a auto-estima. Professores e pais fascinantes devem cumprir com a palavra dada. A confiança é um edifício difícil de ser construído, porém fácil de ser demolido e muito mais difícil ainda de ser reconstruído. Não importa o tamanho de seus obstáculos, mas o tamanho da sua motivação para superá-los. Augusto Cury encerra o livro com um texto convidativo a uma reflexão sobre a educação.
Para refletir:
“Se metade do orçamento dos gastos militares e guerras no mundo fosse investido em educação, os generais poderiam ser transformados em jardineiros, os policiais em poetas e os psiquiatras em músicos. A violência, a fome, o medo, o terrorismo, o os problemas emocionais estariam somente nas páginas dos dicionários e não nas paginas de nossas vidas!”.
*Lionês Araújo dos Santos é Mestrando em Estudos de Comunicação e Cultura Contemporânea – ECCO pela UFMT e bolsista da CAPES. Blog: www.ciberfuturo.blogspot.com

quarta-feira, setembro 17, 2008

Uma mudança de mentalidade para erradicação da pobreza

Há mais de duzentos anos o filósofo genebriano Jean-Jacques Rousseau concorria ao prêmio oferecido pela Academia de Dijon numa resposta à questão sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens. Hoje, passado mais de duzentos anos dos escritos de Rousseau no Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens deparamo-nos ainda com o problema da fome. A “velha” questão de solucionar o problema das desigualdades sociais volta à cena pública do debate. E isso é inaceitável, tendo em vista o nível científico e tecnológico a que chegou a humanidade. Temos condições suficiente para erradicar a fome e a miséria. Em vez de investir milhões em colônias espaciais, armamentos e aparelhamento de guerras, poderíamos transformar desertos em bosques, curar doenças e erradicar epidemias. Para isso, basta uma reconfiguração da nossa mentalidade e redirecionamento das nossas práticas. A fome e a miséria não é um fator natural, mas sim social. Disso já sabia Rousseau há mais de dois séculos ao analisar as formas de desigualdades entre os homens. Essa forma de desigualdade é uma das piores. Como discursou o economista e prêmio Nobel da Paz, Muhammad Yunus, na Academia Sueca: “A pobreza é a ausência de todos os direitos humanos”. Mas sendo um fator social, ela pode ser erradicada. Basta vontade e empenho por parte de cada indivíduo que neste planeta habita. Segundo Yunus, a miséria e a pobreza “foi criada e é sustentada por um sistema social e econômico que desenhamos para nós próprios; as instituições e conceitos que formam esse sistema; as políticas que seguimos”. Atualmente, vivemos num mundo globalizado, em que os meios de comunicações colocam nos frente às dores e aos gemidos de milhões de crianças africanas e, onde, paradoxalmente, a miséria e a fome também se globalizam cada vez mais. Usando do conceito do sociólogo brasileiro, Josué de Castro, “a geografia da fome” já não tem mais fronteiras. É necessário tomarmos medidas urgentes sob pena de um colapso global da humanidade e do próprio Planeta . Em pleno século XXI deparamo-nos com dois grandes problemas que foram historicamente construídos: a pobreza e a questão ambiental. E como prega o teólogo brasileiro Leonardo Boff: “O grito da Terra” é também o grito dos pobres e oprimidos. Portanto, a humanidade tem também como desafio para este milênio aliar a natureza à cultura. Salvar o Planeta significa também erradicar a miséria e a pobreza. Equacionar e solucionar a questão da pobreza – como também a questão ambiental-, não nos é tarefa impossível quanto parece. Mas é preciso repensar o modelo social vigente e agir. É nas ações do dia-a-dia de cada um. Na mudança de conceitos e valores. Na adoção de novas posturas éticas, estéticas, epistemológicas, antropologias e políticas. Concluímos com Muhammad Yunus: “Temos de inventar maneiras de, continuamente, mudar a nossa perspectiva e, rapidamente, alterar a nossa mentalidade, à medida que surgem novos conhecimentos. É possível reconfigurar o mundo, se reconfigurarmos nossas mentalidades”. Pensemos sobre isso e comecemos a agir hoje, agora.
*Lionês Araújo dos Santos é Mestrando em Estudos de Comunicação e Cultura Contemporânea – ECCO pela UFMT e bolsista da CAPES. Blog: www.ciberfuturo.blogspot.com

terça-feira, setembro 16, 2008

Brasileiros que fazem um Brasil melhor

“Nós temos ambição de formar cidadãos que realmente queiram mudar o Brasil”
As palavras que fazem a abertura deste artigo não saíram da boca de nenhum agente político ou chefe de Estado. Essas palavras também, não se propagaram pela grande mídia e veículos de comunicação de todo o país. Afinal, o autor delas não é alguém muito disputado pelos paparazis. Ele não é nenhum ator famoso, político influente e nem entrou para o BBB 2008. Ele é apenas um brasileiro. Talvez um brasileiro com algum diferencial, tendo em vista, um país que tanto carece de elevar os aspectos qualitativos e quantitativos da educação. Ele é um cientista brasileiro. Um pesquisador brasileiro que sonha com um Brasil melhor. As palavras que fazem a abertura deste texto foram proferidas pelo Doutor Miguel Nicolelis, um cientista brasileiro radicado nos EUA. Ele é professor titular de Neurobiologia e Engenharia Biomédica, e co-diretor do Centro de Neuroengenharia da Duke University, Carolina do Norte. Agora, o doutor Nicolelis quer dar a sua contribuição ao Brasil. Nicolelis propôs criar em Macaíba, Rio Grande do Norte - uma das regiões mais pobres do país -, o maior centro de neurociência e divulgação científica do mundo que ficará conhecido como: “campus do cérebro”. Em suas palavras, Nicolelis quer transformar o Nordeste na “Califórnia brasileira”, tendo a ciência como principal catalisadora de recursos vinculada à missão de transformação social. Numa época em que vivencia-se a “década do cérebro” como um dos maiores universos a ser explorado e a necessidade da melhoria do ensino de ciências no país, alguém tem idéia da grandiosidade do projeto do doutor Nicolelis? Se implantado em áreas estratégicas, como é o caso do Rio Grande do Norte, alguém será capaz de prever o impacto que um projeto dessa natureza terá na “inclusão científica” do Estado e, conseqüentemente, na educação e ensino de ciências no país como um todo? Eis o sonho de Nicolelis. É certo que o empreendimento do Doutor Nicolelis é um projeto ambicioso, assim como foi ambicioso, cerca de 100 anos atrás, o “sonho de voar” do brasileiro Santos Dumont ou, como foi ambicioso o sonho de JK de construir a Capital Federal (Brasília) no planalto central do Brasil. Estes, são exemplos de sonhos que se tornaram realidades e, de alguma forma, deram maior visibilidade e mudaram o Brasil. Assim como o Doutor Nicolelis, existem muitos sonhadores no Brasil, dos quais, não ouvimos seus pronunciamentos no Jornal Nacional, nem lemos suas palavras nas manchetes dos jornais. O talento e heroísmo desses sonhadores tampouco encontram olheiros atentos e espaço em horários nobre da televisão. Eles são heróis anônimos. Não têem 15 minutos de fama. Seus sonhos e projetos não são instantâneos. Não jogam para ganhar um milhão de reais. Preferem dividir seus sonhos com a coletividade. São brasileiros que realmente fazem do Brasil um país mais justo e um lugar melhor para todos. Num próximo artigo dedicarei algumas linhas em descrever o sonho e o projeto de mais um desses brasileiros que fazem um Brasil melhor. Até lá!
*Lionês Araújo dos Santos é Mestrando em Estudos de Comunicação e Cultura Contemporânea – ECCO pela UFMT e bolsista da CAPES. Blog: www.ciberfuturo.blogspot.com

segunda-feira, setembro 15, 2008

O ciberespaço e o educador

Vivemos uma época de profundas transformações na produção e na transmissão do saber. A internet e as novas mídias se consolidam cada vez mais como fatores decisivos na transformação social e cultural. Os avanços científicos e tecnológicos criam a cada dia novos conceitos, produzem novos objetos e formam novas visões de mundo. A todo momento somos confrontados com novos instrumentos de trabalho e novas maneiras de aprender e de ensinar. Com a popularização da internet, o ciberespaço exige cada vez mais que os indivíduos tornem-se agentes ativos, flexíveis, com a mente aberta para o "novo" e dispostos a explorar novas possibilidades de interação para a aprendizagem, produção e circulação das informações e conhecimentos. A internet, apesar de ter trazido alguns problemas - como acontece com qualquer inovação científica e tecnológica - trouxe também a possibilidade de ampliar o nosso universo em várias dimensões: cognitivo, social, antropológico, espacial, temporal e cultural. Um fato bastante lamentável é que os educadores dos nossos dias estão ainda totalmente despreparados para lidar com essa nova realidade. Nossos educadores foram formados por uma geração que o precedeu, onde prevalecia um modelo "hierárquico" e "disciplinar" de transmissão de conhecimentos por um professor "erudito" a estudantes "ingênuos" que jamais tiveram oportunidades de terem navegados na internet e "deslizado" por hipertextos em meio ao "mar de informações" que o ciberespaço proporciona. É lamentável que a educação tenha sido um dos poucos setores distante das maravilhas e possibilidades da inovação tecnológica que vem ocorrendo no mundo. É triste ver ainda educadores "presos" a conceitos e métodos "arcaicos", que não se aplicam mais a esse novo mundo que está emergindo, e em sua maior parte, fruto da criação de jovens inovadores, que ousaram desafiar os seus próprios mestres. Frente a essa situação, chama a atenção o fato dos educadores não estarem questionando qual será a tarefa do educador do futuro. Estarão eles educando para o futuro ou para o passado? Qual deve ser o papel do educador do futuro? A resposta a essa pergunta é muito mais complexa do que parece, uma vez que vivemos num mundo em transformação, um mundo de incertezas, onde a cada dia temos novas descobertas científicas, novas verdades, em que os saberes já não se definem mais a partir de paradigmas estáveis, fixos; mas sim, através de processos, de conceitos mutáveis, fluídicos, instáveis e transitórios. Deparamos com a dificuldade de traçar o perfil do educador do futuro. Mas, é possível apontar algumas habilidades necessárias ao educador desse novo mundo que emerge. A primeira delas é a de desfazer de "velhos" conceitos e dar espaço para o "novo". O professor do futuro nunca deverá julgar saber tudo da sua área, e sim julgar necessário buscar novas explicações para aquilo que já conhece. Ele nunca deverá ensinar verdades, e sim, a dúvida. O educador do futuro nunca deverá ter a pretensão de aprender para ensinar; mas sim, de ensinar para aprender, ou seja, ele deve agir como mediador "provendo signos" para uma aprendizagem conjunta e compartilhada de conhecimentos e habilidades. A educação do futuro exige um novo educador, um professor capaz de despertar o senso crítico dos educandos, desenvolver a reflexão e o compromisso com a aprendizagem constante, a produção e a disseminação do conhecimento. A educação do futuro exigirá um educador que terá a coragem de dizer a seus alunos que: quando eles estiverem formados; eles jamais deverão ensinar como verdades o que eles aprenderam na graduação. Que eles terão que produzir novos conhecimentos.
* LIONÊS ARAÚJO DOS SANTOS é Mestrando em Estudos de Cultura Contemporânea - ECCO/UFMT e bolsista da CAPES.

domingo, setembro 14, 2008

Das essências às aparências

Há mais de duzentos anos o filósofo genebriano Jean–Jacques Rousseau escrevia no seu famoso tratado Discurso sobre a origem e os fundamentos das desigualdades entre os homens as seguintes palavras: “Ser e parecer tornaram-se duas coisas totalmente diferentes, e dessa distinção provieram o fausto imponente, a astúcia enganadora e todos os vícios que lhes formam o cortejo. Por outro lado, o homem, de livre e independente que era antes, passou a estar, em virtude de uma profusão de novas necessidades, (...) sobretudo a seus semelhantes, de quem num sentido se torna escravo.” Para Rousseau, nascia aí, já na época da constituição das sociedades a sociedade das aparências em detrimento da verdadeira essência do Ser. Uns começaram a observar os outros, a invejá-lo e a imitá-lo. As recompensas passaram a ser concedidas àqueles que se despontavam perante o olhar atento de seus pares. De acordo com a teoria do filósofo, vieram também o desprezo, e, por certo o preconceito que, nos dias atuais massacram àqueles que não conseguiram um “lugar ao sol”, não seguem os ditames da moda, ou que, de alguma maneira, conservam suas singularidades como por exemplo; as culturas que não seguem o “padrão ocidental” dos modismos e do consumismo. Hoje, dois séculos depois da análise que Rousseau fazia do nascimento da sociedade, podemos fazer algumas considerações com distinções mais nítidas do quão real veio a ser a constituição dessa sociedade descrita pelo filósofo. Estamos vivendo no mundo das aparências. Os indivíduos renunciam a sua essência, as suas vontades para viver de aparências. Todos querem parecer com o astro de holliwood, com a modelo global, com o cantor famoso, parecer mais bem vestido, mais bonito, mais inteligente, mais jovem e mais bem sucedido. Para Rousseau, dessa forma, o Ser que é o que é, torna diferente de si. De Ser livre passa a viver a alienação do “parecer”. Podemos encontrar as mais verídicas expressões do “parecer” na ditadura da moda, (que gerou até a expressão: sou feio mais estou na moda). Nas imagens e nos discursos dos políticos produzidos por marqueteiros, onde “o mais eloquente” leva a melhor nos discursos, e não o mais verídico. Encontramos o “parecer” nas novelas que reproduzem a aparência de uma sociedade sem miséria, sem fome, sem analfabetismo, sem desigualdades sociais e sem discriminação de gênero e etnia. Nas empresas, o funcionário deve parecer bem vestido e educado. O chefe, deve “parecer” honesto, justo e bem sucedido. O que impera é o “parecer”, e não o Ser. O Ser justo dá lugar às falsidades. O Ser ético dá lugar às artimanhas das máscaras desempenhando um papel de personagem. Os indivíduos já não são mais éticos pela máxima kantiana do “dever”, mas do “parecer”. Os pais não buscam um relacionamento de transparência para com os filhos pelo simples “dever” de ser bons pais. Querem manter as aparências perante seus filhos, “parecer”. O funcionário não cumpre seu ofício honestamente pelo seu “dever”, mas pelo “parecer” honesto, eficiente e trabalhador. O político, já não cumpre com o seu “dever” de “bem governar” honestamente. Já até virou lugar comum a frase do “rouba mas faz”. Como se o principal dever de um político não fosse realmente fazer àquilo pelo qual ele “foi designado” pelo povo: a boa administração pública. Um pensador como Rousseau, tem muito a nos ensinar sobre a condição de uma sociedade que se assentou seus pilares em conceitos como: transparência, democracia, liberdade e cidadania, e que, paradoxalmente, no nosso país, elege mensaleiros e sanguessugas “através” de discursos elouquentes onde demonstram “parecer” o que realmente não são: honestos.
* LIONÊS ARAÚJO DOS SANTOS é graduado em Filosofia pela UFMT e Mestrando em Estudos de Cultura Contemporânea - ECCO/UFMT.
* NÁDIA ESTEVES DE CARVALHO é graduada em Filosofia pela UFMT.

sábado, setembro 13, 2008

Geração Players

Não. Não é exclusivamente da geração de players portáteis digitais que trata esse artigo. Trato aqui, especialmente da nova geração de indivíduos deste século XXI, a qual, chamo aqui de “geração players”. Antes, contextualizarei um pouco a questão.
No século passado o grande pensador genebriano, Jean Piaget, escrevia seus estudos de Psicologia Genética no qual organizava o desenvolvimento cognitivo da criança. Piaget descreveu as várias fases do desenvolvimento da criança de forma cronológica. Destacou a capacidade de aprendizagem e as habilidades operacionais alcançadas em cada uma das quatro fases principais enumeradas. Piaget chamou essas fases de: sensório motor, pré-operacional, operatória concreta e operatória formal. Para Piaget, até a fase operatória concreta, aos 11 anos, as crianças não teriam capacidade de operarem tarefas complexas e tampouco compreensão da propriedade transitória nas relações. Apenas a partir dos 12 anos de idade é que teriam capacidades cognitivas, de desenvolvimento do raciocínio lógico, abstrato, e habilidades na criação de hipóteses para resolução de problemas. Com seu trabalho, Piaget revolucionou os estudos sobre a concepção de inteligência e habilidades.
Não é intenção aqui desqualificar os estudos do grande pensador. Até mesmo porque como bem reconheceu Piaget; a vida é um aprendizado constante, desde o nascimento até a morte. O que coloco aqui em questão é: a contemporaneidade exige uma reflexão sobre o que é ser criança e o que são habilidades cognitivas e operacionais nesse novo cenário mediado pelas tecnologias e pela comunicação.
Nos últimos dois anos venho observando a relação das crianças e adolescentes com as novas tecnologias em relação a seus pais e avós e, percebo que; crianças de 11 anos, apresentam habilidades e capacidades cognitiva muitas vezes superiores aos adultos. Já presenciei alguns casos que me deixaram perplexo. Casos por exemplo; de crianças manusearem aparelhos eletrônicos explorando toda sua funcionalidade e, muitas vezes, até indo além, projetando novas possibilidades numa verdadeira dinâmica criativa. Enquanto isso, seus pais e avós encontram dificuldades de verificar as mensagens do celular ou checar os e-mails no computador.
Já é lugar comum o discurso de que cada um de nós deve despertar a criança que existe dentro de si. Nas empresas, os treinamentos de motivação repetem sempre que as pessoas devem ser mais criativas, mais ousadas e mais flexíveis às mudanças. Pois, nestes novos cenários de instabilidades econômicas e mudanças drásticas dos últimos anos, novas práticas devem ser adotadas.
De fato, o mundo mudou. Envelhecemos. Abandonamos a criança que existe dentro de cada um de nós. Essa criança talvez seria aquela que Piaget descrevia como sendo ainda pouco dotada de capacidades cognitivas e habilidades práticas mas que estaria na fase da curiosidade e da descoberta do pensamento e do mundo. Talvez seja essa criança que hoje precisaríamos neste novo mundo permeado por redes de comunicação e pela tecnologia, onde o novo, o desconhecido, aparece e nos deixa perplexos.
Precisamos aliar a experiência de vida - de um mundo estável e “seguro” que já não existe mais - à criatividade dos adolescentes e das crianças desse novo mundo da tecnologia, das mudanças constantes e de incertezas.
Talvez, mais do que a experiência, o mundo atual exige a criatividade. É por isso que os adultos, muitas vezes encontram dificuldades para operarem nele. A experiência e o saber acumulado ao longo da vida já não são suficientes frente a alguns eventos imprevisíveis. Nessa hora é preciso a criatividade entrar em ação. É preciso estar disposto a aprender novas habilidades. Agir como uma criança em fase de descoberta da vida e do mundo.
Percebe-se que os adolescentes e as crianças de hoje reúnem qualidades essenciais para habitar o mundo contemporâneo. Seus pais envelheceram. Não querem acreditar que o MSN possui maior rapidez de comunicação e funcionalidades que a carta tradicional, ou que o iPod 3G é mais funcional que o antigo radinho de pilha.
O mundo atual, da inovação tecnológica, da rapidez de circulação da informação e exigência de aprendizagem e atualização constante é das crianças e adolescentes. Eles já operam bem nele. Manuseiam iPhones 3G, iTunes 8, iPods Shuffle e Nanos e parecem estarem bem dispostos a conhecer o último lançamento tecnológico.
Para surpresa de Piaget, as capacidades cognitivas das crianças e adolescentes atuais parecem demonstrar que eles estão preparados para desenvolver as habilidades e dispostos a manusearem os próximos lançamentos de players portáteis digitais.
Na era da internet, do iPod Nano, do MP4 e dos telefones celulares Piaget se revira no túmulo...e a Psicologia Genética se foi! Ainda no início do século XXI nasce a “geração players”!

Lionês Araújo dos Santos é Mestrando em Estudos de Comunicação e Cultura Contemporânea – ECCO pela UFMT e bolsista da CAPES. Blog: www.ciberfuturo.blogspot.com

sexta-feira, setembro 12, 2008

Aulas de Inglês

http://www.zapenglish.com/pt/frases-amor.htm