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quinta-feira, dezembro 04, 2014

Os 5 intelectuais brasileiros mais influentes

FH, Armínio Fraga e outros três brasileiros estão entre os 50 intelectuais ibero-americanos mais influentes

Revista ‘esglobal’, da Espanha, divulga lista para destacar pensadores que produzem em português e espanhol

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Na ativa. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso destacou a sua produção acadêmica após deixa a presidência - Leonardo Soares / Leonardo Soares
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RIO — Em um mundo que tem o inglês como língua franca, o reconhecimento de quem trabalha com outros idiomas não é tarefa fácil. Pensando nisso, a revista “esglobal”, editada pela Fundação para as Relações Internacionais e Diálogo Exterior (Fride), da Espanha, criou uma lista com os 50 intelectuais ibero-americanos mais influentes do ano, a fim de destacar o talento e a variedade de pontos de vista gerados em espanhol e português como alternativas para a difusão de ideias. Entre os nomeados estão cinco brasileiros: o ex-presidente e sociólogo Fernando Henrique Cardoso, o filósofo e cientista político Roberto Mangabeira Unger, o economista Armínio Fraga, o cientista político Octavio Amorim Neto e o antropólogo Roberto DaMatta.
— Os países ibero-americanos têm uma tradição intelectual forte — disse FH. — Não que o reconhecimento internacional seja mais difícil, mas produzir em português e espanhol limita o acesso ao que você escreve, comparando com o (que ocorre com o) inglês.
O ex-presidente destacou sua produção intelectual recente. Na academia, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso é bastante citado pela sua contribuição à teoria da dependência, mas desde que deixou a presidência, em 2002, já publicou seis livros.
OITO MEXICANOS INTEGRAM RELAÇÃO
Segundo a “esglobal”, estar ativo foi um dos critérios considerados para a elaboração da lista. Além disso, os indicados devem ter pelo menos parte do trabalho em português ou espanhol e influência no ambiente ibero-americano ou internacional. Cristina Manzano, diretora da publicação, explica que os nomes foram eleitos por um extenso grupo de colaboradores e especialistas, o que pode explicar algumas ausências ou a predominância de intelectuais de determinada nacionalidade. A Espanha, por exemplo, tem 16 pensadores na lista; o México, 8; enquanto Portugal tem apenas 1.
— Nossa publicação tem uma presença destacada no México, não tanto no Brasil. Por isso surgiram mais nomes mexicanos que brasileiros — disse Cristina. — Sabemos que a metodologia é discutível, mas ela nos permite contar com um amplo número de colaboradores.
Para DaMatta, a não influência dos indicados na composição da lista aumenta ainda mais o prestígio do reconhecimento.
— Eu fiquei surpreso. O trabalho acadêmico não é só produzir, mas saber da sua influência, a repercussão na sociedade. Mas eu nunca sou indicado a nada — brincou o professor da PUC-Rio. — Não sabia da indicação, mas estou muito feliz por estar em excelente companhia, ao lado de outros grandes intelectuais, como Fernando Henrique Cardoso, Mario Vargas Llosa e Armínio Fraga.
O cientista político Octavio Amorim Neto destacou a importância da publicação. A “esglobal” é herdeira da versão espanhola da reconhecida revista americana “Foreign Policy”. Já a Fride é um dos principais think tanks da comunidade europeia com foco nas relações internacionais.
— É sempre bom esse tipo de reconhecimento, sobretudo pelo caráter internacional — disse Amorim Neto, professor da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da FGV. — O imperialismo do inglês é avassalador. Hoje, no Brasil, o MEC e a Capes prestigiam as publicações em inglês. Não que seja errado, mas isso tem uma consequência negativa. Essa iniciativa da “esglobal” tem um gesto político muito importante.
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‘QUEM RECEBE HOMENAGEM SEMPRE GOSTA’
Para Armínio Fraga, listas como a elaborada pela “esglobal” sempre possuem “um certo grau de arbitrariedade e subjetividade”, mas o economista se disse feliz por ter sido lembrado.
— Não chega a ter a importância de um prêmio, mas é bom estar nelas — disse o ex-presidente do Banco Central. — Quem recebe esse tipo de homenagem sempre gosta. Eu acho que é um sinal de que, em algum lugar, um grupo de pares chegou a essa conclusão.
Além dos brasileiros, a lista elaborada pela “esglobal” tem nomes bastante conhecidos, como o escritor peruano Mario Vargas Llosa, vencedor do Nobel de Literatura em 2010; o ex-presidente da Costa Rica Óscar Arias, laureado com o Nobel da Paz em 1987; o argentino Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco; o escritor e jornalista uruguaio Eduardo Galeano, autor de “As veias abertas da América Latina”; o ex-chanceler mexicano Jorge Castañeda; e o ex-presidente da Bolívia Carlos Mesa.



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