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segunda-feira, setembro 15, 2008

O ciberespaço e o educador

Vivemos uma época de profundas transformações na produção e na transmissão do saber. A internet e as novas mídias se consolidam cada vez mais como fatores decisivos na transformação social e cultural. Os avanços científicos e tecnológicos criam a cada dia novos conceitos, produzem novos objetos e formam novas visões de mundo. A todo momento somos confrontados com novos instrumentos de trabalho e novas maneiras de aprender e de ensinar. Com a popularização da internet, o ciberespaço exige cada vez mais que os indivíduos tornem-se agentes ativos, flexíveis, com a mente aberta para o "novo" e dispostos a explorar novas possibilidades de interação para a aprendizagem, produção e circulação das informações e conhecimentos. A internet, apesar de ter trazido alguns problemas - como acontece com qualquer inovação científica e tecnológica - trouxe também a possibilidade de ampliar o nosso universo em várias dimensões: cognitivo, social, antropológico, espacial, temporal e cultural. Um fato bastante lamentável é que os educadores dos nossos dias estão ainda totalmente despreparados para lidar com essa nova realidade. Nossos educadores foram formados por uma geração que o precedeu, onde prevalecia um modelo "hierárquico" e "disciplinar" de transmissão de conhecimentos por um professor "erudito" a estudantes "ingênuos" que jamais tiveram oportunidades de terem navegados na internet e "deslizado" por hipertextos em meio ao "mar de informações" que o ciberespaço proporciona. É lamentável que a educação tenha sido um dos poucos setores distante das maravilhas e possibilidades da inovação tecnológica que vem ocorrendo no mundo. É triste ver ainda educadores "presos" a conceitos e métodos "arcaicos", que não se aplicam mais a esse novo mundo que está emergindo, e em sua maior parte, fruto da criação de jovens inovadores, que ousaram desafiar os seus próprios mestres. Frente a essa situação, chama a atenção o fato dos educadores não estarem questionando qual será a tarefa do educador do futuro. Estarão eles educando para o futuro ou para o passado? Qual deve ser o papel do educador do futuro? A resposta a essa pergunta é muito mais complexa do que parece, uma vez que vivemos num mundo em transformação, um mundo de incertezas, onde a cada dia temos novas descobertas científicas, novas verdades, em que os saberes já não se definem mais a partir de paradigmas estáveis, fixos; mas sim, através de processos, de conceitos mutáveis, fluídicos, instáveis e transitórios. Deparamos com a dificuldade de traçar o perfil do educador do futuro. Mas, é possível apontar algumas habilidades necessárias ao educador desse novo mundo que emerge. A primeira delas é a de desfazer de "velhos" conceitos e dar espaço para o "novo". O professor do futuro nunca deverá julgar saber tudo da sua área, e sim julgar necessário buscar novas explicações para aquilo que já conhece. Ele nunca deverá ensinar verdades, e sim, a dúvida. O educador do futuro nunca deverá ter a pretensão de aprender para ensinar; mas sim, de ensinar para aprender, ou seja, ele deve agir como mediador "provendo signos" para uma aprendizagem conjunta e compartilhada de conhecimentos e habilidades. A educação do futuro exige um novo educador, um professor capaz de despertar o senso crítico dos educandos, desenvolver a reflexão e o compromisso com a aprendizagem constante, a produção e a disseminação do conhecimento. A educação do futuro exigirá um educador que terá a coragem de dizer a seus alunos que: quando eles estiverem formados; eles jamais deverão ensinar como verdades o que eles aprenderam na graduação. Que eles terão que produzir novos conhecimentos.
* LIONÊS ARAÚJO DOS SANTOS é Mestrando em Estudos de Cultura Contemporânea - ECCO/UFMT e bolsista da CAPES.