Total de visualizações de página

quarta-feira, setembro 17, 2008

Uma mudança de mentalidade para erradicação da pobreza

Há mais de duzentos anos o filósofo genebriano Jean-Jacques Rousseau concorria ao prêmio oferecido pela Academia de Dijon numa resposta à questão sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens. Hoje, passado mais de duzentos anos dos escritos de Rousseau no Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens deparamo-nos ainda com o problema da fome. A “velha” questão de solucionar o problema das desigualdades sociais volta à cena pública do debate. E isso é inaceitável, tendo em vista o nível científico e tecnológico a que chegou a humanidade. Temos condições suficiente para erradicar a fome e a miséria. Em vez de investir milhões em colônias espaciais, armamentos e aparelhamento de guerras, poderíamos transformar desertos em bosques, curar doenças e erradicar epidemias. Para isso, basta uma reconfiguração da nossa mentalidade e redirecionamento das nossas práticas. A fome e a miséria não é um fator natural, mas sim social. Disso já sabia Rousseau há mais de dois séculos ao analisar as formas de desigualdades entre os homens. Essa forma de desigualdade é uma das piores. Como discursou o economista e prêmio Nobel da Paz, Muhammad Yunus, na Academia Sueca: “A pobreza é a ausência de todos os direitos humanos”. Mas sendo um fator social, ela pode ser erradicada. Basta vontade e empenho por parte de cada indivíduo que neste planeta habita. Segundo Yunus, a miséria e a pobreza “foi criada e é sustentada por um sistema social e econômico que desenhamos para nós próprios; as instituições e conceitos que formam esse sistema; as políticas que seguimos”. Atualmente, vivemos num mundo globalizado, em que os meios de comunicações colocam nos frente às dores e aos gemidos de milhões de crianças africanas e, onde, paradoxalmente, a miséria e a fome também se globalizam cada vez mais. Usando do conceito do sociólogo brasileiro, Josué de Castro, “a geografia da fome” já não tem mais fronteiras. É necessário tomarmos medidas urgentes sob pena de um colapso global da humanidade e do próprio Planeta . Em pleno século XXI deparamo-nos com dois grandes problemas que foram historicamente construídos: a pobreza e a questão ambiental. E como prega o teólogo brasileiro Leonardo Boff: “O grito da Terra” é também o grito dos pobres e oprimidos. Portanto, a humanidade tem também como desafio para este milênio aliar a natureza à cultura. Salvar o Planeta significa também erradicar a miséria e a pobreza. Equacionar e solucionar a questão da pobreza – como também a questão ambiental-, não nos é tarefa impossível quanto parece. Mas é preciso repensar o modelo social vigente e agir. É nas ações do dia-a-dia de cada um. Na mudança de conceitos e valores. Na adoção de novas posturas éticas, estéticas, epistemológicas, antropologias e políticas. Concluímos com Muhammad Yunus: “Temos de inventar maneiras de, continuamente, mudar a nossa perspectiva e, rapidamente, alterar a nossa mentalidade, à medida que surgem novos conhecimentos. É possível reconfigurar o mundo, se reconfigurarmos nossas mentalidades”. Pensemos sobre isso e comecemos a agir hoje, agora.
*Lionês Araújo dos Santos é Mestrando em Estudos de Comunicação e Cultura Contemporânea – ECCO pela UFMT e bolsista da CAPES. Blog: www.ciberfuturo.blogspot.com